O atendente Raphael Vieira da Silva, 34 anos, está preso desde a tarde desta quarta-feira (28) acusado pela Polícia Civil de realizar compras na internet utilizando os dados de clientes da lan house em que trabalhava há oito anos, no Shopping Itaigara, em Salvador.
Raphael afirmou que ficou "viciado" em comprar perfumes, colchões e eletrônicos com os cartões das vítimas - ele foi apresentado à imprensa na manhã desta quinta-feira (1º). Conforme a titular da 16ª Delegacia (Pituba), delegada Maria Selma Lima, Raphael praticou o golpe 'diversas' vezes.
"Ele é dissimulado, cínico, diz que não fez isso mais de quatro vezes, mas a gente sabe que ele praticava esse crime há mais de dois anos", disse ao CORREIO, acrescentando que o suspeito - que não resistiu à prisão -, foi preso enquanto trabalhava. Ainda segundo a delegada, Raphael trabalhava sozinho na lan house e era o responsável por emitir segundas vias de documentos, boletos de pagamentos, além de notas fiscais dos clientes.
"O dono [da lan house], inclusive, ficou bastante surpreso. Porque ele, aparentemente, não desperta nenhum tipo de suspeita. Era funcionário de confiança. A prisão dele é fruto de algumas ocorrências e de uma investigação", conta. Ao CORREIO, o suspeitou admitiu que começou a praticar o crime há pouco mais de um ano.
"Eu confesso que comprei, mas comprei coisas pequenas, como perfumes, outros cosméticos, colchão. Eu me arrependo muito, mas é porque eu acabei ficando viciado na facilidade que isso me oferecia. Mas eu não sou uma pessoa do mal, infelizmente acabei viciado mesmo, a gente acaba se empolgando", confessou o preso.
Ele contou, ainda, que colhia os dados do cliente ao mesmo tempo em que realizava o serviço soliciado na lan house. "Eu aproveitava e já fazia a compra ali mesmo, não precisava anotar documentação e levar pra levar para casa. Abria o site de compras e usava os dados", contou Raphael, que mora em Vida Nova, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).
Ao ser questionado sobre usar o próprio endereço para receber os produtos, ele disse que nunca teve medo de ser descoberto. "Nunca nem pensei nisso, tudo chegava em minha casa mesmo. Não cheguei a usar um depósito fantasma nem nada assim, porque comprei poucas coisas", acrescentou ele, que não tem antecedentes criminais.
A Polícia Civil acredita, no entanto, que o atendente tenha se utilizado do acesso a documentos para realizar várias compras.
"Em dois anos, ele comprou muita coisa. Ele diz que não, mas tudo o que ele precisava comprar, ele colocava nos cartões dos outros. Esse valor pode chegar a R$ 500 mil. Estamos apurando, pelo menos, 300 ocorrências de crime desta natureza, aqui na região, que podem ter sido cometidos por ele", disse Maria Selma.
Raphael, que é separado há dois anos, mora sozinho na RMS e compartilha a guarda do filho de 4 anos com a ex-mulher. Mãe do suspeito, a dona de casa Creusa Vieira, 58, disse ao CORREIO que ficou surpresa ao ser informada da prisão do filho.
"Ele sempre foi um rapaz tranquilo, que nunca se meteu com nada de errado. Eu sinto muito, porque ele tem um filhinho que fica com ele de semana em semana. É uma tristeza muito grande, eu espero que ele saia de lá arrependido do que fez", afirmou.
De acordo com Creusa, ela nunca havia desconfiado do filho por não morar próximo a ele. "Como ele era casado, se separou há dois anos, eu não frequentava a casa dele. Atualmente mora sozinho, mas não vou lá assim. Estou precisando tomar remédios, minha pressão aumentou desde que eu soube disso", comentou ela, que tem outros dois filhos mais novos.
Raphael deveria ter sido apresentado ao juiz
ainda na tarde desta quinta-feira (1º), quando passaria por audiência de
custódia. Porém, a assessoria do Tribunal de Justiça da Bahia afirmou
que nenhuma audiência foi marcada para ele. De acordo com Maria Selma, o
detido vai responder por estelionato.