No intervalo de três anos, de 2015 a 2017, o número de acidentes com escorpiões na Bahia subiu 50,6%, saltando de 10.136 notificações para 15.265 ocorrências contabilizadas pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Centro Antiveneno (Ciave) da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab).
>>Número de mortes representa cerca de 0,5% do total de acidentes
>>CCZ inspeciona as áreas onde o aracnídeo é encontrado
Ainda de acordo com as informações da Sesab, somente no primeiro trimestre de 2018 foram registrados 3.241 casos, o que equivale a aproximadamente 20% das picadas desses aracnídeos computadas em todo o território baiano no ano passado.
Já o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da Secretaria Municipal de Saúde contabilizou uma diferença de 22% nas aparições de escorpiões em Salvador, na comparação do primeiro trimestre de 2018 ante o mesmo período do ano passado, com aumento de 18 para 22 casos.
No ano passado, o CCZ registrou 138 notificações da presença de escorpiões em Salvador, uma redução de 48% ante 289 episódios de 2016. Por sua vez, foram capturados 383 desses aracnídeos em 2017, um aumento de 25% em relação aos 96 pegos no ano anterior.
De acordo com as informações do CCZ, na capital baiana, as ocorrências de picadas por escorpiões sofreram um aumento de 25% no primeiro trimestre de 2018, quando foram registrados oito acidentes, em relação aos seis episódios no mesmo período do ano passado.
Incidência
Segundo o CCZ, 36 bairros da capital baiana têm maior incidência da presença desses aracnídeos, com destaque para Boca da Mata, Canabrava e Itapuã. Desmatamento, períodos de chuva e de reprodução são as principais causas que levam ao aparecimento dos animais.
Morador do condomínio Colina de Piatã, o analista de sistemas Cristian Privat, 42 anos, se deparou com um escorpião recentemente. Segundo ele, o animal estava debaixo da pia da cozinha, no 10º andar do prédio, que tem 14 pavimentos.
Foi o primeiro contato ocorrido em casa, mas ele diz já ter encontrado um exemplar na área comum do prédio, próximo ao elevador. "O do apartamento, minha esposa matou. É um escorpião pequeno que costuma aparecer", conta ele, que tem um filho de 6 anos.
A medida de prevenção adotada pela família foi a mesma utilizada pelo condomínio, sempre que é notificada a presença dos escorpiões: contratar uma empresa especializada em desinsetização. Além disso, prossegue Privat, foram vedados os ralos, a tubulação de gás e porta de entrada.
"Além de fazer a desinsetização em casa, o próprio condomínio costuma fazer a aplicação dos inseticidas. Mas como o condomínio foi construído numa área que fazia parte do habitat deles, ele sempre vão aparecer por aqui", diz.
Convivência
Diretor da associação de moradores local, o servidor público Adriano Santos afirma que as aparições dos aracnídeos têm sido recorrentes, desde a entrega dos apartamentos, há seis anos, no condomínio de 12 torres.
"Pelos relatos dos moradores, no grupo (do aplicativo de mensagens), os escorpiões já apareceram em todas as torres. Pelo menos, até agora, não houve ninguém picado por um deles", completa.
Ciente de que o condomínio foi erguido numa área de mata, o diretor da associação afirma tentar articulação com os poderes públicos para a uma solução. "Precisamos saber o que pode ser feito nesses casos", clama Adriano.