Segunda suspeita presa pela morte da estudante Cristal Pacheco, de 15 anos, Andréia Santos Carvalho confessou nesta quinta-feira (4) envolvimento no caso e assumiu ser a responsável pelo tiro que matou a adolescente. Cristal foi morta durante um assalto na terça (2), no Campo Grande, quando estava indo para a escola.
A delegada Andréa Ribeiro, diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), afirmou em coletiva nesta tarde que a suspeita estava escondida na cidade de Nova Soure, mas resolveu se apresentar com um advogado depois que teve prisão decretada pela Justiça.
A arma usada no crime ainda está sendo procurada, diz a delegada. "Não temos informações sobre a arma, estamos em busca dessa cadeia de como que essa arma chegou na mão das duas autoras do crime", diz.
A polícia ainda não sabe se as duas suspeitas costumavam atuar juntas em crimes pela região. "Estamos fazendo levantamento da vida pregressa, mas o que nos chega é que são muitas passagens (da suspeita) por furtos aqui no Centro", acrescentou. "Ela confessou o crime e também confirma que ela que efetuou os disparos".
A suspeita ainda está sendo ouvida para dar detalhes sobre toda a dinâmica do fato. "Após o crime, ela teve suporte da família e seguiu para o interior do estado. Resolveu se apresentar, acredito que por conta da repercussão do crime, na mídia não só local, mas também nacional", avalia a delegada.
Ainda não se sabe se o tiro foi dado propositalmente ou foi um disparo acidental, acrescenta Andréa Ribeiro. "São muitas questões que precisam ser esclarecidas, vamos somar tudo que foi apurado para chegar a um resultado", diz. "Elas não falaram o que queriam, mas a princípio nos parece que a motivação é de cunho patrimonial, queria roubar objetos das vítimas".
Ambas as presas são usuárias de droga e provavelmente os objetos roubados seriam usados em permutas por tóxicos.
Depois do depoimento, as duas presas passarão por exame de lesão corporal e seguirão para o sistema prisional.
Crime
A adolescente Cristal Rodrigues Pacheco, 15 anos, que seguia para a escola, foi morta durante uma tentativa de assalto, a pouco metros da sede do Comando Geral da Polícia Militar.
Moradora do Corredor da Vitória e estudante do Colégio das Mercês, a adolescente estava acompanhada da mãe e da irmã quando foi abordada. Segundo informações iniciais, no meio da ação, uma das suspeitas, que carregava uma pistola calibre 653, acabou atirando contra a garota, que foi atingida no peito e morreu no local.
O crime aconteceu em frente ao Palácio da Aclamação, próximo ao Campo Grande. Cristal não resistiu aos ferimentos e morreu antes mesmo de ser atendida, ainda com o uniforme da escola. A mãe e a irmã de Cristal não sofreram ferimentos e estão em casa.
A primeira suspeita presa, Gilmara Daiam de Sousa Brito, confessou a participação no crime, mas negou ter disparado contra Cristal. Ela passou por audiência de custódia na manhã de hoje e deve ser encaminhada ao presídio. Gilmara já tinha passagens por tráfico de drogas e roubos.
'Eu ouvi o disparo', diz mãe
A mãe da estudante falou na noite de quarta-feira (3), pela primeira vez sobre a morte da filha mais velha. Em entrevista à TV Bahia, ela deu detalhes sobre a tentativa de assalto que culminou no assassinato da filha. Sandra depôs na polícia também nesta quarta.
À TV, ela contou que andava com as filhas pelo passeio, quando foi abordada pelas criminosas. "Foi muito rápido. Uma era baixinha e uma do cabelo aloirado. Ela simplesmente anunciou o assalto, falei que não tinha celular e ela disse: 'você tem um relógio e uma aliança'. Ela baixou a cabeça e me mostrou um revólver que não consegui identificar o calibre, porque não tenho conhecimento, só sei que a arma era pequena. Ela também estava com uma faca estilo açougueiro com o cabo branco", lembra.
A mãe de Cristal também agradeceu as homenagens que vem recebendo de colegas da filha e pessoas que não conheciam a vítima. “Me senti abraçada e amada ao saber que minha filha era muito querida".
Adolescentes pintaram as mãos de vermelho para protestar contra insegurança
(Foto: Marina Silva/CORREIO)
Relembre o caso:
Rotina - Todos os dias, por volta das 6h30, Cristal Rodrigues Pacheco, 15 anos, fazia o mesmo caminho para o Colégio Nossa Senhora das Mercês, que fica localizado na Avenida Sete de Setembro, junto com a mãe e a irmã mais nova, Fernanda, de 12 anos. A estudante era moradora de um prédio no Campo Grande, próximo ao Corredor da Vitória. Segundo amigos e vizinhos, a adolescente sempre foi educada, de- dicada aos estudos - ela cursava o 9° ano do ensino fundamental -, e amorosa com os pais e a irmã caçula;
Abordagem - Cristal, a mãe e a irmã passavam em frente ao Palácio da Aclamação, na terça-feira (02), quando, do lado direito da avenida, duas mulheres se separaram e, em questão de segundos, abordaram as três, assustando-as. A tática é conhecida e muito usada por duplas de assaltantes que atuam no centro da cidade;
Tentativa de assalto - A mãe de Cristal contou à polícia que as mulheres anunciaram o assalto e que ela informou não estar com celular. Uma das assaltantes mostrou a arma e pediu a aliança e o relógio de Sandra Pacheco;
O tiro - A suspeita presa contou à polícia que sua comparsa se atrapalhou durante a ação e a arma acabou disparando, feridondo-a de raspão e atingindo em cheio a estudante. Cristal recebeu um tiro no peito dado por uma pistola pequena - possivelmente calibre 653, mas que ainda não foi achada pela polícia -, em curta distância. Segundo o médico e perito do Departamento de Polícia Técnica (DPT), Marcos Mousinho, foi "um tiro direcionado para matar";
Ajuda - Nas imagens das câmeras de segurança que filmaram a cena, dá para ver que a mãe de Cristal, vendo a filha caída no chão, correu para socorrê-la e não percebeu que as duas suspeitas levaram a mochila da estudante com todos os pertences. À TV Bahia, Sandra Pacheco disse que as duas suspeitas sairam correndo após os disparos contra Cristal. Fernanda, a irmã mais nova, correu para pedir ajuda, mas Cristal morreu no local do crime, nos braços da mãe. O corpo da adolescente foi enterrado no começo da noite de terça-feira (02), no Campo Santo, sob forte emoção.
Correio24horas