O aumento de casos de Covid-19 na Bahia acende um alerta à população do estado. Nos últimos 15 dias, um crescimento de 194% de confirmados foi notificado em comparação à quinzena anterior De acordo com de acordo com números da Central Integrada de Comando e Controle da Saúde, da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), 1.519 casos foram registrados entre 23 de outubro e 5 novembro.
De 9 a 23 de outubro, o estado havia registrado 516 casos. Conforme a Sesab, o mês passado registrou cinco mortes por Covid-19 e dez casos foram notificados em períodos anteriores. Nos primeiros cinco dias de novembro, três pessoas morreram por causa da doença.
De acordo com a médica infectologista Áurea Paste, coordenadora da residência de Infectologia do Instituto Couto Maia (Icom), esse aumento é resultado de dois fatores: dificuldade de distinguir Covid-19 de gripe e a banalização da doença.
"Por conta do aumento da vacinação, os casos têm sido brandos. As pessoas têm relaxado, saem mesmo com sintomas gripais e não realizam testes. Esse crescimento é preocupante porque pessoas com imunodeficiências, idosos e crianças podem ser contaminadas e estão mais suscetíveis a complicações mais graves", afirma a médica.
O médico infectologista Robson Reis, professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP), ressalta que ainda vivemos uma pandemia e que o surgimento de novas variantes vão influenciar no aumento de casos. "As novas variantes têm capacidade de se tornar mais contagiosas e possuem uma facilidade de driblar o nosso sistema imunológico", explica.
A reportagem solicitou o número atualizado de cepas da Covid-19 identificadas na Bahia até o momento, no entanto, não obteve respostas até o fechamento desta matéria.
"Embora tenhamos um aumento no número de casos, não há nenhuma sobrecarga no sistema de saúde e boa parte da população está vacinada. "Lógico que gostaríamos de um número maior de pessoas vacinadas. Hoje discutimos não quantas vacinas a pessoas tomou, mas, sim, quanto tempo você tem da última vacina", diz Reis.
Essa discussão possui relação direta com um fenômeno chamado imunossenescência, que diz respeito a perda de capacidade de proteção em relação ao vírus.
De acordo com dados da Cobertura Vacinal do estado, disponibilizados no site oficial da Sesab, 61,48% da população de 40 anos ou mais (público-alvo da dose) está reforçada com a segunda dose de reforço do imunizante, o que equivale a 3,48 milhões de baianos. Pouco mais de 2 milhões, aptos a tomar a respectiva dose, não receberam o segundo reforço.
Já a vacina bivalente, responsável por promover a imunização para novas variantes do vírus da Covid-19, além da linhagem original, só foi aplicada em 16,33% da da população acima dos 12 anos. Esse número corresponde a 1,33 milhão de pessoas.
O infectologista Robson Reis salienta a importância de completar todo o quadro de vacinas. "As pessoas que estão vacinadas costumam ter quadros mais brandos. A pessoa não vacinada costuma ter febre mais alta e corre maiores riscos de complicações, como acometimento pulmonar mais grave, que leva a insuficiência respiratória e até mesmo o óbito".
Correio24horas