Na primeira pesquisa Ibope/Estado/TV Globo após o indeferimento da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o deputado Jair Bolsonaro (PSL) segue na liderança da corrida presidencial, com 22% das intenções de voto nas eleições 2018. Ele tem dois pontos porcentuais a mais do que no levantamento anterior, divulgado há duas semanas. Ciro Gomes (PDT) subiu três pontos, de 9% para 12%, e empatou numericamente com Marina Silva (Rede), que não se moveu.
A preferência pelo tucano Geraldo Alckmin, detentor de quase metade do tempo do horário eleitoral gratuito e representante da maior coligação da disputa, passou de 7% para 9%.
O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) aparece com 6%, dois pontos acima do registrado na pesquisa anterior. Inscrito originalmente como vice de Lula, Haddad deve assumir em breve o posto de titular da chapa.
Nas simulações de segundo turno, Bolsonaro perde para Ciro (44% a 33%), Marina (43% a 33%) e Alckmin (41% a 32%), e empata tecnicamente com Haddad (36% para o ex-prefeito, 37% para o deputado). O capitão da reserva lidera no quesito rejeição: 44% não votariam nele de jeito nenhum. A seguir vêm Marina (26%), Haddad (23%), Alckmin (22%) e Ciro (20%).
As entrevistas da pesquisa começaram a ser feitas no sábado, um dia após o início do horário eleitoral – o tempo, portanto, foi exíguo para captar a intensidade do impacto da propaganda dos candidatos no rádio e na TV.
Uma mudança ficou clara, no entanto: houve queda expressiva na parcela do eleitorado disposta a votar nulo ou em branco, de 29% para 21%. A taxa de indecisos oscilou para baixo, de 9% para 7%.
Com a saída de Lula, Ciro foi, neste primeiro momento, o que mais subiu no Nordeste, principal reduto do ex-presidente. O candidato do PDT avançou de 14% para 20% entre os nordestinos, ao mesmo tempo em que Marina recuou de 17% para 13%. Na mesma região, a taxa de preferência por Haddad passou de 5% para 8%. Em 20 de agosto, no cenário em que constava como candidato, Lula tinha 60% entre os nordestinos.
Bolsonaro colhe seus melhores resultados entre quem ganha mais de cinco salários mínimos (30%), evangélicos (29%), homens (28%), jovens de 16 a 24 anos (28%) e na faixa com curso superior (29%).
Entre demais candidatos, Alvaro Dias (Podemos) permaneceu com a mesma taxa da pesquisa anterior (3%) e foi alcançado por João Amoêdo (Novo), que passou de 1% para 3%, e Henrique Meirelles (MDB), que oscilou de 1% para 2%. Os três agora dividem a sexta colocação, em situação de empate técnico.
Amoêdo se distancia dos nanicos entre o eleitorado de maior renda e mais escolarizado. Ele tem 10% entre os que ganham mais de 5 salários mínimos e 8% entre os que cursaram o ensino superior – nesses segmentos, está em segundo lugar, empatado tecnicamente com Ciro, Alckmin, Haddad e Marina.
Os candidatos do PSOL, Guilherme Boulos, do PSTU, Vera Lúcia Salgado, e do PPL, João Goulart Filho, mantiveram a taxa de 1% de intenção de votos. Os demais concorrentes não pontuaram na pesquisa.
Todas as comparações entre o atual levantamento e o anterior foram feitas levando-se em conta o cenário de 20 de agosto – no qual Lula não foi incluído na lista de candidatos apresentada aos entrevistados.
O Ibope ouviu 2.002 eleitores, em 142 municípios, entre os dias 1º e 3 de setembro. A margem de erro do levantamento é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%. Isso significa que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral, considerando a margem de erro. O registro na Justiça Eleitoral foi feito sob o protocolo BR‐05003/2018. Os contratantes foram o Estado e a TV Globo.
A divulgação do levantamento estava prevista para anteontem, mas foi necessário adiá-la em razão de uma consulta ao Tribunal Superior Eleitoral. O registro inicial da pesquisa, feito no dia 29 de agosto, ainda trazia um cenário com Lula como candidato. Porém, na madrugada de sábado, dia 1° de setembro, o TSE indeferiu o registro da candidatura do ex-presidente.
Diante do ocorrido, o Ibope decidiu retirar da pesquisa o cenário com Lula, e manter apenas o que trazia Haddad em seu lugar. Como as perguntas feitas não seguiram exatamente o roteiro previsto no questionário registrado na semana anterior, foi necessário consultar o TSE.
Na tarde desta quarta-feira, o ministro Luiz Felipe Salomão decidiu não analisar o mérito da questão, alegando que o Ibope não poderia ter feito a consulta, por não ser “autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político./ COLABOROU CECÍLIA DO LAGO