Primeira vítima identificada no rompimento da barragem da mina Córrego
do Feijão, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte,
Marcelle Porto Cangussu, de 35 anos, era médica com especialização em
Medicina do Trabalho e trabalhava há cerca de cinco anos na Vale. O
corpo foi reconhecido através das impressões digitais — até agora,
outras oito vítimas também foram identificadas. Única profissional da
área no local, Marcelle estava em horário de almoço, no próprio lugar
onde dava expediente, quando a tragédia aconteceu.
Mirelle Porto, mãe da vítima, relatou ao Globo que, na noite anterior ao
rompimento da barragem, a família comemorou o aniversário de Marcelle,
que completou 35 anos na última quinta-feira.
— No dia 24 de janeiro, ficamos com ela até meia-noite. No dia seguinte,
às 7h30m, ela já estava no trabalho. A ideia era continuar as
comemorações pelo aniversário com os amigos dela na noite de sexta-feira
(25) — contou. — Minha filha era agraciada em todos os sentidos.
Orgulhava-se demais do trabalho, desdobrava-se em horários e plantões
longos. Às vezes, entrava às 7h e saía às 20h. Era uma pessoa brilhante.
Passou em terceiro lugar no vestibular da UFMG, onde cursou a
faculdade. Morreu feliz, com certeza, trabalhando no que sempre desejou.
Larissa Porto, irmã de Marcelle, ressaltou que a maior preocupação da
família se relacionava com o fato de ela dirigir diariamente cerca de 25
quilômetros para ir ao local de trabalho, já que morava em Belo
Horizonte.
— Até onde sei, ela nunca demonstrou se preocupar com insegurança no
trabalho. Nossa família se preocupava, sim, com o fato de ela pegar a
estrada para ir para lá, mas nunca sobre estar trabalhando no local com
medo de rompimento — ressaltou. — Ela era muito linda e cheia de vida,
além de paixonada por medicina e por seu trabalho.
Buscas por sobreviventes seguem
O Comandante do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, Coronel Edgard
Estevo, informou neste sábado que foram registradas 354 pessoas
desaparecidas em Brumadinho (MG). Sete corpos já foram retirados da área
de desastre . De acordo com o comandante, o trabalho de buscas deve se
prolongar por semanas. Há quatro pontos de busca onde os bombeiros
acreditam que pode haver sobreviventes: em uma locomotiva, um ônibus, na
parte de um prédio que desabou e em uma comunidade em Parque das
Cachoeiras.
O coordenador da Defesa Civil de MG, Evandro Borges, informou que no
momento as doações não são prioridade, mas que as pessoas que quiserem
fazê-las podem procurar a Polícia Militar. As doações devem se
concentrar em alimentos não-perecíveis, água e produtos de limpeza.
Fonte: O Globo