Proprietário que se destacou nos últimos anos como investidor de cavalos Puro Sangue Inglês (PSI) que disputam corridas no Hipódromo da Gávea e em outros prados pelo Brasil e no exterior, Cristiano Mendes de Cordova Nascimento, de 42 anos, era um dos prinicipais alvos na semana passada da Operação Turfe, um esquema de tráfico internacional de drogas. A identidade do suspeito foi revelada neste domingo pelo Fantástico. Cristiano, que está preso, é suspeito de lavar dinheiro com a compra e venda de produtos de luxo ou caros e seria o chefe da quadrillha.
— A gente estima que ele pode ter atualmente 60 cavalos de corrida, sendo que um único desses animais pode valer 500 mil dólares (mais de R$ 2,5 milhões). Mas não eram apenas cavalosd de corrida. Ele acumulava bens de elevado valor, como carros e imóveis de luxo, aviões particulares e bens de elevado valor — disse o delegado da Polícia Federal, Heliel Martins.
Antes da operação da semana passada, a quadrilha já havia sofrido diversas perdas no Brasil e no exterior. Em novembro de 2021, 700 quilos de cocaína foram apreendidos quando um caminão tombou na Avenida Brasil, quando os ocupantes fugiam da polícia. A quadrilha também já teve drogas apreendidas em Marrocos e na Espanha.
Cristiano Mendes, que se apresentava como empresário dono de uma transportadora, despertou a atenção dos aficionados pelas corridas quando no início de 2020 decidiu contratar o jóquei Jorge Ricardo como titular para montar seus cavalos na Gávea. Recordista mundial de vitórias, Ricardinho aproveitou o convite para voltar a morar no Rio, depois de 15 anos radicado na Argentina. A polícia já descatou a participação do jóquei com atividades criminosas.
Segundo a PF, depois de escolher o destino da droga, a quadrilha substituía no Porto do Rio parte de mercadorias legalizadas acondicionadas em containeres, por entorpecentes, sem o conhecimento das transportadores. O esquema, inclusive, foi revelado por integrantes da quadrilha em interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça:
— Só tira a quantidade de cimentoque tiver para completar os 1,8 mil quilos e coloca tudo em bolsa. Vai dar 36 sacos — diz Lidonmar Furtado, que segundo a reportagem seria braço direiro de Cristiano.
Outro detido na operação foi o ex-zagueiro do Vasco da Gama, Alexsanro Marques de Oliveira, campeão pelo clube em 2003.Segundo a polícia, seria ele quem alugaria os galpões usados pela quadrilha.
O Fantástico teve acesso a imagens que mostram um desses containeres retirado do Porto, levado até um galpão no Caju, e depois devolvido. O bando tinha uma aliança com a principal facção criminosa que atua no Rio.
— O grupo tem uma visão empresarial sobre esse tráfico.Mas eles se associaram a facções criminosas para fins de armazenamento e segurança da carga aqui no Sudeste — acrescentou o delegado.
A defesa de Lindomar disse que ele só vai se manifestar depois de analisar os documentos da investigação. Já os advogados de Alexsandro disse que não há provas de envolvimento do cliente. Por sua vez, a defesa de Lindomar disse que considerou desnecessária a prisão preventiva do cliente; e que os fatos serão esclarecidos em juízo.
Ao todo, a operação Turfe, realizada na terça-feira tinha o objetivo de cumprirm, com participação de auditores fiscais da Receita Federal e membros do GAECO/MPF, 20 mandados de prisão e 30 de busca e apreensão, expedidos pela 5ª Vara Federal Criminal, nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso, além de medidas de cooperação policial no Paraguai, Espanha e Emirados Árabes (Dubai).
Segundo a PF as investigações confirmaram a existência de um grupo responsável pela aquisição de drogas em países produtores (Bolívia e Colômbia), a internalização do entorpecente. Foram apreendidas, ao longo da investigação, mais de 8 toneladas de cocaína, tanto no Brasil, quanto na Europa – destino final do entorpecente. Além disso, mais de R$ 11 milhões foram arrecadados dos criminosos, ainda na fase sigilosa, antes da deflagração
Extra o Globo